quinta-feira

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careca
[foto/arquivo] Os calvos irão à guerra pelos seu direito à peruca

O próximo confronto mundial não será entre oriente e ocidente, nem entre o países pobres e países ricos. Engana-se quem pensa que será entre países que têm petróleo e os que não têm. E muito menos entre os que têm água e os que não têm. Também não será entre os que detêm a tecnologia e os países sub-tecnológicos. E está redondamente enganado quem pensar que o próximo conflito mundial será entre fumantes e não fumantes ou entre gordos e magros. Na verdade, o próximo conflito mundial será entre os que usam peruca e o resto da humanidade. Tudo por um precoceito sobre uma inocente prótese capilar sobre a cabeça de um homem.
luis xiv
[foto/arquivo] Quem sabe tenha sido a monarquia francesa e suas perucas horrorosas a culpada pela rejeição da sociedade às perucas

Pode parecer nonsense um conflito deste tipo. Mas, se olharmos pormenorizadamente ao longo da história, os carecas são uma classe humilhada, sem esperanças e abandonada à sua própria sorte. Mulheres que usam perucas peruca, não têm tantos tipos de problemas. Mas os usuários homens, sofrem calados toda uma série de piadas e humilhações durantes séculos à fio (perdão pelo trocadilho). Claro que não são as únicas minorias a sofrerem preconceito. Mas muitas classes oprimidas têm vantagens para se livrar do preconceito que as aflige:

. OBESOS podem fazer tratamentos e regimes e livrar-se do preconceito
. FEIOS podem fazer cirurgias plásticas radicais
. PAÍSES POBRES têm a esperança de descobrir poços de petróleo, minas de ouro ou aumentar extorsivamente os juros
jogadores
[foto/arquivo] Eles não "são" carecas: eles "estão" carecas

Mas, e quanto aos carecas? O que eles têm como esperança? Até agora, poucas.
A primeira tentativa para amenizar a careca foi a invenção da palavra “calvo”, um tiro que saiu pela culatra. Já que quando alguém escuta a frase “lá vai aquele calvo”, imagina uma pessoa velha, chata e infeliz.
Depois surgiu a tentativa da frase “é dos carecas que elas gostam mais”, outra tentativa frustrada. Mais uma contribuição inócua para a causa dos carecas foi a moda dos jogadores que rapam os cabelos: era uma nova esperança de que o prenonceito contra os carecas terminasse. Outro desgôsto: sobre os jogadores que rapam a cabeça todos pensam “eles apenas raparam o cabelo, mas quando quiserem deixam crescer”. Eles “estão” carecas, mas não “são” carecas, esta é a diferença.
magistrado
[foto/arquivo] A peruca confere até hoje dignidade aos magistrados britânicos

Já os remédios para a calvície são apenas promessas vãs, pouco eficazes ou restritos à condições de uso escravo-diário sob pena da volta da calvície.
Restou a única esperança realmente eficaz: a peruca; uma forma simples, barata do careca inserir-se no tecido social e ser feliz. Mas a sociedade rejeitou brutalmente a peruca.
Com esta opressão sobre os carecas pelo uso da peruca, a nossa sociedade está alimentando um monstro que, quando se libertar, deflagrará um grande conflito social. Prova: por mais conservadora que as sociedades possam ser, com o passar do tempo tornam-se permissivas. Vejamos alguns exemplos:
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[foto/arquivo] O horror: perucas? Só para mulheres

. Homens Com Brincos: no passado era permitido aos piratas (os outros eram considerados efeminados). Hoje em dia, pasmem, é até considerado símbolo de virilidade.
. Pessoas Com Tatuagens: antes só os piratas e marinheiros. Fora estas categorias, os homens seriam considerados desajustados e as mulheres, bem, melhor nem falar.
. Homens Com Rabo-De-Cavalo: antes os homens eram chamados de homossexuais; já hoje, é descolado.
. Calça Piriquita-Apertada (ver matéria mais abaixo “A piriquita apertada”): antes era para “mulheres da vida”, hoje as filhas da classe-média se orgulham de desfilar com a piriquita apertada como dobradiça.
. Peixe Crú: antes era barbárie, hoje é considerado bárbaro pelos descolados e pelos super-bonders que ainda não conseguiram se descolar.
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[foto/arquivo] Homem inchado e oleaginoso, pode. Mas utilizando uma inocente peruca, não

Em breve, churrasco de cachorro será chique, e os homens na moda usarão salto alto, maquiagem e biquini, mas quem usa peruca continuará rejeitado e oprimido.
Porquê a sociedade mundial evolui e aceita novas modas, mas quando se trata da inocente peruca, rejeita-a e descarrega nela todas as suas frustrações e ódios? Quem será que tornou a peruca algo degradante para a sociedade? Quem sabe seja a côrte francesa, com os seus reis e fidalgos
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[foto/arquivo] Os usuários de perucas terão que fundar Os Perucas Anônimos para poder suportar a carga opressiva da sociedade sobre a sua prótese capilar

que não tinham o hábito do banho e utilizavam horrorosas perucas. Por outro lado, os magistrados britânicos utilizam até hoje a tal peruca branca quando estão exercendo a sua atividade nos tribunais.
Assim, se não é o passado que condena o uso da peruca, qual é o problema de um cidadão que paga os seus impostos, utilizar uma peruca para cobrir o reluzente topo de sua cabeça?
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[foto/arquivo] A tara-obsessiva da sociedade é ficar olhando a "entradinha" da peruca

Porque é, que é só alguém usar uma peruca, para imediatamente levantarem-se os dedos em riste apontando para o pobre careca e dizendo maldosamente “olha, ele está usando uma peruca, olha só, ele é careca, deixa eu ver, olha só a entradinha na testa”. Aliás, se mostrassem para uma pessoa, a entradinha de uma caverna com tesouros e a entradinha da peruca do careca, a humanidade preferia ficar olhando a entradinha do careca. O que é tão abominável em uma ingênua peruca? Em que ele infringiu a lei? É olhado como um malfeitor, quando no fundo o portador da peruca está sentindo-se bem com ela, como também torna o tecido social mais bonito.
Ou seja: o usuário da peruca é um altruísta mas é tratado como o Homem-Elefante ou como um criminoso. Assim como existem os Alcoólicos Anônimos, eles terão que fundar Os Perucas Anônimos para poder suportar psicológicamente toda esta carga de repressão da sociedade sobre a sua peruca.
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[foto/arquivo] Pode todo o tipo de prótese: peitão de silicone, bundas, etc. Mas a singela peruca é reprimida

As pessoas ao invés de maltratar, deveriam desenvolver o costume de elogiar: "você está de peruca? ah, que legal, gostei, está embelezando a humanidade, parabéns!".
Mas algumas vozes dirão que este tipo de comportamento repressor da sociedade ocorre porque “a peruca é algo artificial”. Por favor, senhores, isto é uma falácia: sociedade absorve várias artificialidades sociais, mas não a peruca. Vejam só:

. CIRURGIA PLÁSTICA: no início eram só comentários maldosos, mas hoje em dia esta prática tornou-se contumaz para a classe-média
. SILICONE: antes, críticas e hoje só elogios; e quem não tem peitos e bunda é que está fora de moda.
. Bebês de proveta: hoje em dia a única dúvida é de quantos pais diferentes (e ao mesmo tempo) a pessoa quer ter.
. ADOÇANTES ARTIFICIAIS: consumo cada vez mais brutal, tanto no cafezinho, como também nas toneladas de produtos diet, como os “inocentes” refrigerantes.
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[foto/arquivo] Rabiscar e pintar o corpo todo, pode. Mas utilizar uma peruca clássica para tornar a sociedade mais bela, não

. HOMENS MUSCULOSOS: antes eram “homens oleaginosos estranhos”, sinônimo de hedonismo exacerbado e pirilau pequeno. Hoje até funcionário-público-aposentado-com-vidinha-chata sai exibindo os seus músculos.
. PÊNIS PEQUENO: a sociedade aprovou os e-mails “enlage your penis” (ver matéria mais abaixo) e a coisa ficou resolvida. Quem não utiliza o “enlarge your penis”, tem a alternativa de andar de Porsche ou uma potente motocicleta, que a sociedade vira o rosto para o lado e finge que não vê o pirilau pequeno.

Ou seja, está comprovado que as mais variadas artificialidades são admitidas pela sociedade, menos um careca utilizando a sua inócua peruca.
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[foto/arquivo] Pode tudo: rabo de cavalo, arquinho no cabelo e até piercing nos genitais. Mas a peruca é considerada imoral

E isso sem mencionar a brutal repressão que sofrem os que fazem os doloridos e caros implantes de cabelos, para depois serem chamados de “Barbie”.
E se por acaso um careca tentar utilizar galhardamente a sua peruca, irá escutar “olha a cabeleira do zezé, será que ele é? será que ele é?”.
Aos poucos os preconceitos das sociedades vão caindo por terra: gays, lésbicas, anões, giló, coca cola quente e sem gás, o fe(o)dor do queijo rochefort. Menos o preconceito sobre a peruca.
Porque é que a sociedade enferma não critica com tanto fôlego os políticos corruptos? Porque é que ela não é tão
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[foto/arquivo] Mas, qual é o problema de alguém que paga seus impostos querer ser um Rod Stewart?

perspicaz (como quando aponta os tufos de cabelos artificiais dos outros) para escolher os governantes certos? Porque ela não é tão direta, (como quando aponta a entradinha da peruca) para apontar os seus malfeitores? E finalmente a mais esperada pergunta: qual o motivo ancestral tão arraigado no Homem que gera esta repulsa sobre um simples tufo de cabelos chamado peruca?
Quem sabe, quando os usuários de perucas forem dizimados e já não andarem mais sobre a face da terra, teremos a resposta para esta pergunta. Porque afinal, qual é o problema de um calvo querer ser um Rod Stewart?
Maya J. Times - Diretora Editorial

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quarta-feira

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[foto/arquivo] O que é que a laranja tem? Hoje em dia, além de vitamina C, muito carisma

O que é que a laranja tem? A laranja tem vitamina C, mas a cor laranja tem carisma. As cores, desde os mais remotos tempos têm um significado para cada povo: branco-paz, vermelho-fogo, verde-esperança, etc. Algumas cores, como o azul, o vermelho, o branco e o verde, entre outras, têm salvo-conduto para serem usadas naturalmente em roupas, cartazes, logotipos, etc. Tudo sem mais problemas. Já, outras cores, têm o seu uso restrito. Isso até o momento em que alguém as liberte e elas possam conviver com o mundo capitalista. Não parece, mas até as cores têm este tipo de problemas. Mas como elas não falam, sofrem caladas.
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[foto/arquivo] Sinais de trânsito: um dos poucos lugares em que se usava o laranja

Aliás, isso não é novidade: é só refrescar a memória e lembrar do prímário e da caixinha de lápis de 12 cores para constatar que enquanto o vermelho, o azul, o amarelo, o verde, e o preto (entre outros) ficavam muito gastos, outras cores como o violeta, o cinza, etc. sempre ficavam sem usar. Pior que estas cores só mesmo o lápis branco, que ninguém sabia para que servia, já que não coloria nada.
Mas em termos de sociedade de consumo, o preto era uma destas cores para ser usada somente em certas ocasiões. No Ocidente, a cor preta era frequentemente associada ao luto e à cor fascista da época de Mussolini. Ou seja, excetuando-se ocasiões especiais como trajes black-tie, vestidos como o pretinho básico ou luto, existia uma regra não escrita que vetava o uso desta cor.
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[foto/arquivo] O laranja só era utilizado em serviços públicos (no sentido horário): veículo, logotipo e garis da prefeitura do Rio de Janeiro e táxis de Curitiba. Ao centro, uniforme de presidiários americanos

E cor preta nos automóveis, nem pensar. À não ser que você fôsse presidente e tivesse uma limousine na garagem. Daquelas que têm uma bandeirinha do país em cada ponta. Até que um dia as coisas mudaram: os carros com a cor preta começaram a ser fabricados com a percepção de venda de "serem elegantes". As pessoas que no início comentavam “mas que cor estranha para um automóvel”, com o tempo foram se acostumando e começaram a pulular carros pretos de todos os tamanhos e modelos. Até as pessoas começarem a posar como estrelas de Hollywood ao lado do seu fusquinha preto. Ah, sim, e quanto as limusines, qualquer rapper hoje em dia tem. Bem, e nem é preciso dizer que hoje, é a cor prata, apesar de clássica e bonita, que tornou-se uma praga incontrolável que infesta todas as

matte_leao_orange[foto/arquivo] O brasileiríssimo Matte Leão: pioneiro no uso do laranja. E a Orange, um pioneiro laranja nas telecomunicações

ruas e avenidas do país. Ao ponto que, se descer um disco voador prateado em uma avenida em plena hora do rush, as pessoas nem vão se dar conta e achar que é mais um modelo novo de carro cor prata.
Já no campo da moda, com a overdose dos desfiles de moda, os costureiros resolveram adotar o seu modelito-monocromático-preto. A partir daí, a pergunta que mais intriga a humanidade não é mais "de onde viemos, quem somos e para onde vamos" e sim, "porque todo costureiro tem que usar o tal modelito-preto?"
Algumas correntes dizem que o utilizam como uma resposta à impossibilidade de usar o Pretinho-Básico de Chanel, um sucesso atemporal.

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[foto/arquivo] A Holanda com o surpreendente uniforme laranja de '78 não fez a cor virar moda. E mesmo com o sucesso do filme Laranja Mecânica, ninguém entendeu o porquê do nome

Mas verdade seja dita, o modelito-monocromático-preto dos costureiros foi mais um impulso para a cor ser aceita no vestuário do dia-a-dia das pessoas.
Mas onde queremos chegar com toda esta história? Com a constatação de que em tempos recentes, mais uma cor proscrita, recebeu o salvo-conduto para poder conviver com as outras cores de mercado: o laranja.
A cor laranja sempre foi associada a instituições públicas, sendo usada em lixeiras públicas, roupas de penitenciárias americanas e sinais de advertência. Isso sem mencionar qualquer coisa à base de laranja (como os refrigerantes) e os remédios efervescentes para gripe, depois das descobertas de Linus.
Não o Linus das histórias em quadrinhos do Peanuts (que usa

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[foto/arquivo] Cor laranja era privilégio dos efervescentes como Cebion e Redoxon, incentivados pelas descobertas de Linus Pauling

o seu cobertor como segurança) e nem Linus Torvald (que desenvolveu o sistema Linux para computadores). Nos referimos a Linus Pauling, o cientista prêmio Nobel e suas pesquisas sobre os benefícios da vitamina C.
Mas, saindo da ciência e entrando no Capitalismo, de uns tempos para cá alguém resolveu que era hora do laranja conviver capitalisticamente com as outras cores. Um fato marcante foi a companhia de comunicação e telefonia móvel inglesa Orange. Anos atrás, a sua campanha de marketing foi um sucesso: ela não só adotou a cor laranja, como também o nome (Orange).
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[foto/arquivo] Linus, LinusTorvald e Linus Pauling: o terceiro Linus já estava descobrindo a energia da laranja

Foi na contramão de todas as “cores tecnológicas” do setor, como o prata, azul, e conseguiu se impor no mercado (mais detalhes em www.orange.com - brand). E isso foi um dos grandes pretextos para que todas as outras companhias do mundo, que estavam escondidinhas usando as suas cores habituais, fôssem atrás e libertassem de vez o laranja.
Hoje já não é possível dar um passo sem tropeçar no laranja: Terra (provedor de internet), Gol (linhas aéreas), Banco Itaú, Blogger, agora todos querem ser moderninhos

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[foto/arquivo] Hoje em dia, ser laranja é ser moderno

usando a cor laranja. É só olhar para os lados e surgem novos laranjas à todo o momento. E não só em marcas e logotipos, mas também na comunicação visual: cartazes, senhas, avisos, botões, tickets, etc. Na verdade, a cor laranja não tem absolutamente nada a ver com o que estas companhias de tecnologia oferecem. E exatamente por isso a cor laranja não era usada. Se alguns anos atrás alguém sugerisse a cor laranja para uma linha aérea ou para um banco simplesmente ouviria a frase “mas nós somos uma empresa séria, não podemos usar a cor laranja”.
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[foto/arquivo] Antes quem vestisse laranja, era como se usasse um "chapéu de penico na cabeça e um colar de melancia no pescoço" para aparecer

Mas o fato é que a cor laranja desvinculou-se da fruta graças a campanhas executadas de forma profissional e contínua.
Com isto, fizeram com que o nosso cérebro transformasse a percepção do laranja como "aquela corzinha da fruta" para uma percepção conotando o laranja como uma cor vibrante, atual e moderna.
Mas para que estas empresas não se sintam moderninhas demais por se acharem os descobridores do laranja, temos que lembrar alguns pioneiros.
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[foto/arquivo] Laranja no vestuário: hoje em dia pode

O rótulo do Champagne Veuve Clicquot, era (e ainda é) laranja em uma época em que esta cor era proscrita em termos de consumo.
E muito menos ser usada em rótulo de Champagne. Já imaginaram um rótulo de champagne laranja? Parece ridículo, não? Mas eles datam de 1772. Isto sim é que é pioneirismo. Mas um fato curioso é que mesmo a empresa Veuve Clicquot não vê a sua cor como laranja e sim como um amarelo (jaune).
Mais antigo do que este champagne só mesmo os monges, que há milhares de anos estavam na moda com a cor laranja
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[foto/arquivo] Veuve Clicquot: pioneiro laranja em 1772. Falta agora todos começarem a tomar champagne em scarpins, como nos filmes

das suas roupas e nem sabiam. Já no Brasil o Matte Leão é pioneiríssimo no uso do laranja.
E mesmo com as constantes atualizações de rótulos e embalagens, nunca abdicou desta cor.
Com todos estes movimentos, o laranja acabou chegando às roupas: a Holanda surpreendeu o mundo na Copa de '78 com o seu belíssimo uniforme laranja com as cores da Casa de Orange (em inglês), a monarquia holandesa.
Mas mesmo assim, não conseguiu ganhar a Copa e a cor só virou moda em anos recentes. Tanto é, que, ter um uma

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[foto/arquivo] Os monges já eram laranja há milhares de anos. E o Fiat Idea descobriu a modernidade agora

peça de roupa laranja no guarda-roupa era praticamente impossível: antes, quem vestisse laranja era como se usasse um "um chapéu de penico na cabeça e um colar de melancia no pescoço" para aparecer. Mas hoje, está liberado: todos temos o direito de ter uma peça de roupa laranja no guarda-roupa (os ternos laranja ainda não, ufa). É só olhar em volta e ver como o laranja está cada vez mais sendo utilizado. Até nós temos a nossa coluninha lateral laranja. Mas que moderninho, não?
Del Gatto - Editor-Executivo

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terça-feira

sucesso

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[foto/arquivo] O Palácio do Governo, agora transformado também em Mega-Loja: um orgulho nos trópicos para quem não vive sem uma tralha eletroeletrônica

Este jornal está sendo cobrado por alguns leitores sobre suas posições políticas. Estes “leitores” deveriam estar fazendo tricô, jogando biriba ou cozinhando jiló com baba ao invés de nos cobrarem im-posições políticas. Nas Ilhas Virgens o único problema que temos, é se já chegou o contêiner com água mineral Ty Nant do País de Gales (Wales) para a Maya J. Times e o Del Gatto. Mas para os outros países que querem, aqui vai a minha posição: Power To The People!
Ou seja, o conceito de governo deveria ser totalmente abolido e devíamos esquecer de vez toda esta pitomba de democracia, ditadura, parlamentarismo ou monarquia: o negócio é tomar vergonha na cara e implantar nos trópicos um sistema de governo novinho como girino em um lago e revolucionário como spaghetti com leite moça. Temos que dar o Power para o povo. Ou seja, dar todas as tralhas eletroeletrônicas para que o povo aperte o botão de Power e não encha mais a paciência.
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[foto/arquivo] Organomato Organograma do Novo Tipo de Governo: eletroeletrônicos para todos!

Falo isso com toda a moral, já que, um lugar que é pioneiro em urna eletrônica é sinal que o povo não vive sem eletroeletrônicos, bolas!
Para isso precisaríamos fazer um governo em forma de Triunvirato (não porque funcione, mas porque é bonito para o mundo ver). Se forem quatro serão Quatriunvirato, se forem cinco serão Quintos do maculêlê e se forem seis serão Sextápolas (porque esta palavra tem som de sacanagem). O governo será formado pelas lojas que massacram todo o santo dia o nosso cérebro e as nossas orelhas com a comunicação-grito-para tudo-quanto-é-lado, pitombas!:

Presidente da República: Casas Bahia
Vice-Presidente: Ponto Frio
Senado: Magazine Luiza
Câmaras: Lojas Marabraz
Suplentes: Sacoleiros de Ciudad del Este
Consultor Vitalício: Silvio Santos

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[foto/arquivo] Vista das mega-lojas (antigo Congresso) pondo em marcha a campanha de salvação nacional “Um rômi-tíater em cada casa”.

Estas tralhas de lojas estão em quase todo o país, o que garante a unidade nacional. Antes a gente ia até a esquina e o que encontrava? Bares. Depois ia até a esquina encontrava posto de gasolina. Hoje acabou tudo isso, ficou uma porquêra só: na esquina só tem estas lojas-tralha de eletroeletrônicos. Por isso, transformaríamos todos os edifícios públicos em Mezza Repartições/Mezza Mega-Lojas. Quanto aos ministérios, o negócio é descomplicar: abolir todos, porque eles não servem para pitufa nenhuma mesmo. E criar dois únicos ministérios essenciais: o Ministério dos Eletroeletrônicos e o Ministério No Cartão (porque a burrice é tanta que ninguém mais paga “com” o cartão e sim “no" cartão).
Mas voltando ao assunto, uma medida importante seria fechar todos os bancos, já que banco só serve para financiar toda aquela traquitana de eletroeletrônicos e além disso estas lojas já abriram os seus próprios bancos para esfolar a gente também. Então o melhor é mesmo juntar tudo num só muquifo – compras e extorsão - para a comodidade de todos.
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[foto/arquivo] Power to the People! Basta apertar o botão Power (o problema é quando cai a cerveja e a linguiça engordurando o romí-tíater)

O governo seria vitalício (seja lá isso o que fôr, mas que é legal, isso lá é) e rotativo, tipo churrascaria rodízio, já que o povo entende este sistema.
Com este tipo de governo, a população se sentiria realizada comprando as tralhas de eletroeletrônicos para entulhar a casa. De tão apertada a sala, os home-tíater ficariam todos sujos de farofa e gordura de linguiça de tanto prato de comida caindo em cima deles.
Nos livraríamos também das propagandas eleitorais e dos marqueteiros, já que as propagandas destas lojas-tralha são iguaizinhas às propagandas eleitorais: é tudo gritado e esganiçado, prometido e oferecido. Só de pensar fico me coçando todo. O único problema nisso tudo é que depois do primeiro mandato estas lojas teriam que vender aqueles aparelhinhos para surdez, porque depois de 4 anos gritando na orelha de todo mundo, a bigorna e o martelo já teriam ido para o espaço. Mas tudo bem, pelo menos neste tipo de governo, os seus representantes (os vendedores) estão sempre sorrindo (tipo sorriso Mac Donalds quando pergunta se quer a tal da batata frita para acompanhar). E o melhor de tudo: na boca dos vendedores-governantes não falta nenhum dente, o que é muito legal.
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[foto/arquivo] A Praça dos Tres Poderes (conhecida como praça dos sacoleiros) Graças a eles, todos podem exercer os Três Poderes: o poder de ter um rômi-tíater, o poder de colocar o som no máximo e o poder de moer a paciência do vizinho de tanto barulho

O hino do novo país seria escolhido entre o mais-lavagem-cerebral das musiquinhas-encheção deles: “Casas Bahia, dedicação total à você…”, ou “Você pode, você pode, você pode….”, "Puquê Puquê, Puquê, Puquê", etc.
Também pegaríamos o slogan de cada loja e escolheríamos qual o melhor para colocar no brasão da República: “Preço menor ninguem faz!”, “Dedicação total à você”, “Vem ser feliz”, “O bonzão da prestação”, “Você pode, você pode, você pode” ou outra tralha qualquer.
O problema do desemprego também estaria garantido, porque estas lojas empregam toneladas de massa humana, empurrando para as pessoas o que todos querem – os eletroeletrônicos – e teríamos fartura de empregos.
Sobre a política externa, o negócio é fechar todos os consulados e embaixadas e abrir no lugar filiais destas lojas-tralha. Ou seja: o país ia faturar os tubos vendendo tralha no exterior.
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[foto/arquivo] O novo lema da república responde aos anseios e regurgitos das vítimas dos safados que furam as filas

O monumento nacional seria a Praça dos Três Poderes (mais conhecida como praça dos sacoleiros) onde todos os anos seria comemorada a data nacional da república com a Feira da Muamba, uma festa inesquecível com overdose de tralha eletroeletrônica para todos.
Já no campo da polítca de base, a principal campanha de salvação nacional seria: “Um rômi-tíater em cada casa”. E depois de solucionarmos este problema, este governo surgido nos trópicos-suarentos (daqueles com mancha de suor no suvaco que tem uma auréola esbranquiçada em volta da mancha) iria atingir a meta mais importante de todas, o problema que tira o sono de qualquer pamonha (depois da carência dos eletroeletrônicos): os furadores de fila. Nesta nova ordem, o lema da bandeira da república responderia o anseio de vômito todo um povo: “Ordem na fila”. Só de pensar fico me coçando todo.
Maicol Mad Dog - Secretário

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segunda-feira

sucesso
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[foto/arquivo] A mística começou com o azul à esquerda: Bis de chocolate, um ícone nacional

Acabamos de comer receber aqui na Redação do The Del Gatto Times nas Ilhas Virgens (enviado pelo nosso correspondente no Brasil) a melhor notícia dos últimos tempos: o lançamento do Bis morango. Todos no Brasil podem discordar sobre posições políticas, sobre times de futebol, sobre quais as mulheres/homens mais bonitas(os), sobre gostos de automóveis, sobre se devemos fuzilar os gritadores locutores das propagandas de varejo, sobre penteados, cervejas, sobre moda e até se vai fazer sol ou não. Mas não sobre o Bis: ele é uma das grandes unanimidades nacionais.
Mesmo apreciando chocolates renomados e com produção refinada e diversificada, como a Godiva, as lojinhas caprichadas da Hussel, a tradicionalíssima Lindt, a charmosa e caprichadíssima Ghirardelli de São Francisco (Califórnia), a deliciosa e brasileiríssima Kopenhagen (que agora têm mesinhas à européia para saborear um bom café) etc., as pessoas colocam o Bis no mesmo patamar de satisfação que os produtos destas empresas de tradição mundial. Mas porquê? Não é por ser feito artesanalmente, nem pela tradição, nem pela publicidade, nem pelo status ou pela griffe e muito menos pelo seu custo. É pelo atributo mais essencial de um alimento: o seu sabor. O Bis, comparado com os chocolates de renome, é como se fôsse o feijão com arroz. Ou seja, de vez em quando é bom apreciar um prato francês, mas o feijão com arroz é o sabor simples e delicioso do dia-a-dia que nunca cansa.
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[foto/Del Gatto] Mais um ícone no mercado: não só o novo sabor morango, como também a tradicional caixinha envolta em celofane é um ícone

Não sabemos qual é a fórmula do Bis e nem quem o inventou. Não sabemos se foi um produto desenvolvido cientificamente ou uma fórmula encontrada por acaso.
Mas o fato é que muitos tentam imitar este chocolate aparentemente simples, mas não conseguem. Até a conhecida empresa Nestlé tentou e não conseguiu: o seu chocolate “Sem parar” não se compara ao Bis: é sem graça.
O Bis está tão enraizado na cultura brasileira que, há alguns anos atrás quando algumas pessoas souberam que o Bis ia mudar o design de sua embalagem, ficaram apreensivas: seria como mudar o logotipo do Mc Donalds ou da Ford. Mas foi apenas um pequeno susto, já que se tratava de um re-styling (apenas um rejuvenescimento do logotipo). Mesmo preferindo o design clássico anterior, o essencial do design da embalagem de Bis permaneceu. E o da sua tradicional caixa também. Aliás, a caixa também faz parte da mística: tem gente que come primeiro a fileira de cima e depois a de baixo, outros comem de dois em dois e outros simplesmente esvaziam a caixinha sem olhar fileira alguma.
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[foto/Del Gatto] Bis morango: em se tratando de Bis, acabou-se o que era doce

Após alguns anos, tivemos outro sobresalto: soubemos que iriam lançar Bis de outros sabores. Será que os outros sabores conseguiriam chegar aos pés do Bis tradicional? Em geral este tipo de coisa não dá muito certo. O bombom Ouro Branco nunca chegou aos pés do Sonho de Valsa. E o Sonho de Valsa “Mais” (em tabletes) tem gosto de isopor recoberto com chocolate seco.
Mas, no Bis deu certo: o Bis Branco tem uma personalidade própria. Já o Bis de Laranja pareceu ser uma idéia completamente descabida. Laranja? Mas o que isso tem a ver com o Bis? Parece uma extensão de linha oportunista, e quem sabe até empanasse a imagem do Bis tradicional. Mas a realidade é que eles acertaram mais uma vez: o Bis laranja não é para ser saboreado frequentemente como o Bis tradicional, mas tem um sabor que poderia ser definido como um delicioso “je ne sais quoi”.
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[adaptação/editoria de arte] Bis Light: idéia e embalagem inéditas concebidas pelo jornal The Del Gatto Times

E agora surge o Bis morango, a melhor coisa que aconteceu no Brasil nos últimos tempos. E a verdade é que novamente deu certo: delicioso, levemente azedinho e com um aroma perfumado de morango.
Na realidade, o Bis é um ícone. Algo como a fórmula da Coca Cola brasileira. Mesmo que agora pertença à Kraft Foods, o Bis é um patrimônio brasileiro que têm como guardiães do seu sabor todas as gerações de brasileiros. Mas um chocolate ser um patrimônio nacional? Parece bobagem? Mas o que dizer então da Suiça, com seus chocolates e canivetinhos?
Só falta agora lançar o Bis Light. E em uma iniciativa pioneira, O The Del Gatto Times já desenvolveu até a embalagem (ver ilustração acima). E por esta idéia pede apenas uma coisa: nas propagandas, coloquem mulheres como o Bis, deliciosamente simples.
Del Gatto - Editor-Executivo

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domingo

ti15
“Sorria, você está sendo filmado”. Esta é uma das frases mais cínicas dos últimos tempos. Passamos por ela quase todos os dias e nem nos damos conta. A frase original era "Sorria, você está no cinema". Esta frase era usada numa
alusão aos filmes americanos, a cada vez que um leigo era filmado na TV.

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[ilustração/editoria de arte] Este é um dos adesivos mais cínicos que você pode encontrar. Pior que isso: ele está onde você gasta o seu dinheiro

Então, um dia a vida das pessoas começou a ficar cheia de câmeras por todos os lados: bancos, supermercados, lojas e até casas para pegar as babás em flagrante, seja com o bebê ou com o papá. O ápice das câmeras chegou com o bigbróder, um programa em que pessoas insípidas são alçadas ao mundo da "celebridade" por mostrarem como são insípidas.
Mas voltando ao tema, alguém, preocupado em colocar uma câmera em sua loja para proteger seu patrimônio (nada mais justo) e ao mesmo tempo avisar a clientela que a loja era vigiada por vídeo, colocou avisos do tipo: "Esta loja tem um circuito fechado de TV", ou "Atenção: câmeras monitorando a loja". Porque, mais eficiente que a câmera é o aviso avisando da câmera: é ele que faz a pessoa saber que há alguém vigiando.
Mas alguém, não contente com este aviso inventou o tal aviso cínico: “Sorria, você está sendo filmado”. Com ele, a pessoa, além de se sentir vigiada, não se sente mais à vontade penteando o cabelo, discutindo com o marido ou tendo um tique nervoso. Isso porque a tal plaquinha diz, indiretamente e sorrindo cinicamente, que alguém em alguma sala privê da loja está nos observando e rindo do nosso comportamento na telinha. E como se não bastasse ler esta frase cretina, ainda temos que obedecê-la e sorrir, porque segundo ela "estamos no cinema".
Assim, o consumidor é tratado de "ator" (que por ventura poderá fazer o papel de ladrão). Ou seja, o consumidor, além de gastar o seu dinheiro nas tais lojas que têm este adesivo, ainda têm que rir da frase cínica (segundo consta no adesivo).
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[ilustração/editoria de arte] Este deveria ser o adesivo verdadeiro, no fundo é isso o que eles querem dizer com a frase do adesivo acima

E o mais triste de tudo é utilizarem o “Smiley” (é o nome da carinha sorrindo) para ilustrar tal frase, um ícone que transmite alegria e que foi inventado para representar exatamente o contrário do que diz na tal plaquinha: descontração, liberdade e alto-astral. Aliás, já é um absurdo uma plaquinha dizer que "devemos rir" em uma país em que é mundialmente conhecido pelo sorriso natural e espontâneo de seus habitantes.
Chega de ser maltratado onde gastamos o nosso dinheiro. Mas então o que temos que fazer para nos defender desta plaquinha cretina? Clamar pelos seus direitos? Não. Solicitar para retirar a tal plaquinha? Claro que não. O que temos que fazer (como muita gente que conheço faz, e eu também faço) é atender o pedido da plaquinha: sorrir.
Comece a sorrir e acenar para câmera. No começo será um pouco difícil, mas com o tempo você vai ver que
irá se soltando. Até começar a fazer tchau para a câmera, mandar beijos, fazer caretas divertidas, etc. Peça também para os seus familiares, namorado e amigos fazerem o mesmo. E nesse instante, quando você começar a pensar que deve parar, não pare: pense que do outro lado da câmera está uma pessoa, e ela sim está constrangida, e não você, como eles queriam. Desobediência civil é isso: Sorria, acene, dance, aponte o dedo, e se for criança vale até mostrar a língua, porque “Sorria, você está sendo filmado". Foram eles que pediram isso, lembra-se?
Maya J. Times - Diretora Editorial

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sábado

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Com todo o respeito que as pessoas obesas merecem (e há algumas aqui na Redação), a pergunta que não quer calar é aquela que eles fazem incessantemente e insistentemente na propaganda das senhoras obesas que querem ser magras: "O que você faria com alguns quilos a menos?" Bem, eu já não consigo mais assistir televisão que à toda hora aparece a tal pergunta.

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[foto/André Corman] Vista superior do playground do prédio (previamente esvaziado por medida de segurança) de onde será jogado o saco plástico com os quilos a mais

Então vou responder em nome de todos, a resposta que está no subconsciente de todos, mas que ninguém se atreve a responder, mas todos gostariam que alguém respondesse de uma vez por todas:

PERGUNTA: O que você faria com alguns quilos a menos?
RESPOSTA: Colocaria em um saco plástico e jogaria lá de cima do meu prédio só para ver aquela porquêra toda de gordura estourar lá em baixo.

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[foto/André Corman] Vista superior do playground do prédio após ser jogada toda a porquêra da gordura a mais. E com isso surge uma nova pergunta que não quer calar

Pronto, agora todos podemos ficar mais descansados. Ok, satisfeito, sr. Abeso? Ponto final a esta pergunta que martirizava a todos os telespectadores que vivem no Brasil.
Mas como uma pergunta leva à outra pergunta, a pergunta que não quer calar agora é: quem vai limpar toda aquela porquêra de gordura no playground? Aposto que não vai ser a Abeso. Só de pensar fico me coçando todo.
Maicol Mad Dog - Secretário

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